Aqui pelo sudeste anda bem frio, o que não me deixa com coragem para quase nada. A não ser escrever, num quarto quentinho, toda agasalhada e com uma xícara de cappuccino ao lado.
Depois de posts tão espaçados é quase um milagre que eu esteja por aqui dois dias seguidos, não é mesmo? Hoje voltei para retomarmos a Europa, pois ainda falta muuuuito.
Iniciamos nosso quinto dia de viagem como na maioria dos outros. Saindo cedinho e tomando café na estação central. De lá partimos rumo o campo de concentração de Dachau. Confesso que era um passeio que eu não queria muito fazer, pois ficava imaginando o clima pesado do lugar. Como Claudinho adora história e não estava disposto a deixar passar esse destino, me preparei psicologicamente por meses. E fui! No final, acho que foi um dos passeios que achei mais bacana.
Para chegar até lá compramos a passagem para duas pessoas em duas zonas, que nos custou 13,60 euros. Pegamos a linha S2 sentido "Petershausen", chegando na estação já tem onibus estacionados do lado de fora esperando para levar até o campo. (Obs.: com o ticket diário não precisa pagar o ônibus).
Ao descer, já estávamos em frente ao centro de atendimento, onde pegamos o audioguide em português. E começamos então o nosso passeio pelo campo. O caminho por onde andamos é exatamente o que os prisioneiros faziam na época da guerra - inclusive o trem. Em poucos minutos chegamos ao famoso portão com a frase "O trabalho liberta".
O que dava esperança aos que lá chegavam, achando que iam passar por uma espécie de reeducação. Porém a frase não passava de puro deboche. Chegando lá eles perdiam suas identidades e ganhavam números.
Ao passar pelo portão é quase impossível acreditar em como eles (os nazistas) fizeram aquilo tudo. Eram vários barracões onde ficavam os prisioneiros. Centenas deles em um mesmo lugar com completa falta de higiene. Camas empilhadas, travesseiros feitos com os seus cabelos, que também tinham a cabeça raspada ao chegar no campo. Poucos vasos sanitários e uma pia. Era assim, o espaço que eles tinham que dividir.
Eram fileiras de barracões onde dividiam os presos. Por exemplo: Padres, bispos e outros componentes da igreja em um barracão. Homossexuais em outro, ciganos em outro...
Hoje a maior parte dos barracões não existe mais, apenas a demarcação dos lugares e foi reconstruído um, exatamente igual como era na época.
Camas do barracão |
Banheiro do barracão |
Gente, eu não consigo imaginar tamanha crueldade. Parece que tudo o que vi e ouvi é mentira...
Continuando: Passeando pelo campo é possível ver a segurança do local. Com cercas farpadas, cercas elétricas, enormes muralhas, várias torres onde ficavam policiais armados... Era impossível sair dalí!
Também reconstruíram a câmara de gás e o crematório. Os prisioneiros eram levados a câmara para "tomar banho". Na ante sala diziam para deixar suas roupas e que na sala seguinte seriam os chuveiros. Que na verdade já era a sala de gás. Ali eram mortos em poucos minutos, corpos acumulados em uma outra sala e depois queimados nos fornos que ficavam ali próximo. É aterrorizante ver as fotos da época que se encontram em cada uma das salas.
No espaço do campo foram construídas espécies de capela e sala de oração em memória aos mortos. O ambiente é completamente diferente do que era na época mas as fotos e as reconstruções te levam a pensar no sofrimento dos que ali estiveram.
Em um outro prédio do campo, tem uma espécie de museu com roupas, documentos, lista de prisioneiros, propagandas nazistas e até mesmo uma pequena sala de cinema com apresentações de vídeos contando a história da guerra e mostrando o campo em funcionamento.
É isso! Apesar de não ser um passeio divertido, é de grande valor de aprendizado. Depois dessa aula a gente só espera que isso não se repita mais e que o nosso mundo seja tomado pela paz.
Se quiser entender um pouco mais sobre o que falei, assista: "A vida é bela" e "O menino do pijama Listrado".
Abaixo algumas informações sobre o campo...
Barracão visto de fora |
Entrada gratuita.
Audio guide: 3,50 euros.
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